sábado, 15 de novembro de 2008

Quantos de nossos esforços são oferendas ao nada?

Haverá pior solidão do que a ausência de si?

A Alma Imoral

Ontem tive uma experiência que pra mim sintetiza pra que serve o teatro, pra quem vê e pra quem faz. Fui ver "A Alma Imoral", uma adaptação de Clarice Niskier para o teatro, do livro homônimo do Rabino Nilton Bonder. Com a alma e o coração, essa atriz me colocou pra dentro do palco e das emoções dela que tanto sentido fazem pra mim. É uma peça lindíssima, que toca, emociona e nos faz refletir um pouco mais sobre "ser" humano.
Alguns trechos:

" O ser humano se fez o mais nu e o mais vestido dos animais.
E vestidos se vêem nus o tempo inteiro.
Não há reprodução sem evolução, assim como não há evolução sem reprodução.
Não há tradição sem traição, assim como não há traição sem tradição.
As tradições trazem o poder das instruções do passado.
As traições trazem o poder das instruções do futuro.
Encontraremos paz na consciência de nossa finitude.
O homem trai para resgatar a sua semente fora do aprisionamento quantitativo da monogamia.
A mulher trai para resgatar a sua semente fora do aprisionamento qualitativo da monogamia.
A monogamia impõe sacrifícios a todos.
Melhor o traidor do que o hipócrita.
Mas como gritarmos em praça pública que continuamos a nos perceber nus?
O mar vermelho não se abre para o povo Hebreu passar, o povo marcha e Deus comovido com a confiança nele depositada, então oferece passagem entre as águas do mar.
Haverá pior solidão do que a ausência de si?
Quantos de nossos esforços são oferendas ao nada?
O momento de saída de um filho de casa mais do que uma traição, é uma casa que se expande para conter um lugar não estreito.
A espécie humana hoje enfrenta um mundo que realmente se estreitou."